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All posts on this blog are copyrighted by Vânia Penha-Lopes, Ph.D.

Thursday, June 3, 2010

WHITES ARE ALSO "PEOPLE OF COLOR"


I often note that a sign of subordinate status in the U.S. is the amount of terms there are to refer to a racial/ethnic group. Think about how that applies to all non-White, and then let’s take two examples: African Americans and Asian Americans."
African American," the latest term used to categorize U.S. Blacks, appeared around the late 1980s. Before that, "Negro" (e.g., "Negro Baseball League"), "Colored" (e.g., "National Association for the Advancement of Colored People"), "black" (e.g., "Historical Black Colleges and Universities"), and "Afro-American" (e.g., "Department of Afro-American Studies") were all employed at different times. "Black" is arguably the most common, probably due to the positive connotation it acquired with the "Black is beautiful" slogan from the 1970s. On the other hand, "Negro" and "Colored" seem to have been discarded for good. Excluding a highly offensive term that shall remain nameless, those are five terms to describe a single group.

Likewise, before "Asian American" came to the fore in the 1970s, groups originally from the Far East were referred to either collectively as "Oriental" and "yellow people" or as their individual nationalities (e.g., "Chinese" and "Japanese"). Hyphenated terms (e.g., "Chinese-American") rose in the 1970s after Blacks affirmed their own ethnic identity, which led to attempts by all other groups to follow suit. Perhaps because the Chinese have been the largest Asian group in the U.S., and also because racists insisted on ignoring differences among Asians, at times members of other Asian groups were called at best "Chinese"; at worst, they would be called by offensive terms that shall also remain nameless. Nowadays, "Asian American" encompasses the several nationalities from that continent, including South and Southeast Asians, but excluding Middle Easterners.

Take, on the other hand, Whites. Except for the police and some African Americans when in mixed company or public settings, hardly anyone uses the term "Caucasians"; "European American" seems to find space mostly in academic circles.

Since the early 20th century, "minority group" has been available to refer to Blacks, Asian Americans, and other subordinate groups in the U.S. However, more and more object to that term. Some argue that if all so-called groups were counted together, they would come close to being in the majority. Others argue that the term has negative psychological connotations. Instead, I contend that both arguments ignore the fact that, for Louis Wirth and other sociologists since, "minority" has to do with their relative lack of power, not their numbers. South African Blacks, especially during apartheid, are the oft-cited example: though they constituted 90% of the population, they had practically no power in comparison with the Whites. In other words, lack of power derives from the pervasive social inequality in that country. The same can be said of the U.S., especially if we remind ourselves that U.S. racial segregation was the inspiration for apartheid.

In a 1998 article, Keith Ellison noted that "'[p]erson of color' is quickly emerging as a replacement for 'minority,' or for anyone non-White." He also claimed that it was "softer," with "less baggage"; it may be. In any event, over a decade later, that term has entrenched itself as the politically correct and often preferred replacement for "minorities."

I oppose the use of "people of color" to mean "non-Whites" for the simple fact that "white" is also a color. While it may seem politically correct and even advantageous to lump all non-whites together and single out Whites under the skin color criterion, all that does is mask the unquestionable fact that Whites have been the dominant group throughout the history of this country. Disregarding white as a color renders it invisible, thus masking its normative character. In other words, "White" is the norm against whom all other groups are measured--usually coming up short. Politically, that move ends up reinforcing its power. For instance, while women in general have less power than men, White women have more power than the other women and even often than non-White men; like that catchy American Express slogan told us, "Membership has its privileges."

I'm on the side of those who see "whiteness" as a category of privilege that has been taken for granted as "normal" and thus affords so-called Whites tremendous power--economic, cultural, social, and political (yes, even in the Obama era). To see that, however, we need to stop using "people of color" to mean "non-Whites." Whites have a color too.

Wednesday, April 28, 2010

DA DESCARACTERIZAÇÃO DA LÍNGUA ESCRITA NO BRASIL

Numa tarde de dezembro de 2008, o Jornal Hoje mostrou uma matéria sobre a nova reforma ortográfica da língua portuguesa. Tal reforma aproximaria o português do Brasil do português continental ao eliminar uma série de grafias que só nós brasileiros usamos, tais como o acento agudo no ditong ei (ex., idéia, protéico, epopéia) e no ditongo oi (ex., jóia), o acento grave no hiato oo (ex., vôo) e o trema (ex., freqüente, tranqüilo). Segundo o eminente gramático Evanildo Bechara, a reforma é necessária porque o português é “a única língua de peso cultural e político que tem duas ortografias oficiais”.

Ora, isso é uma inverdade lingüística. Basta um exemplo: qualquer dicionário inglês-inglês publicado nos EUA indica ortografia e pronúncia britânicas (assim como regionalismos americanos), de modo que a palavra “comportamento” é listada tanto como behavior (a ortografia em vigor nos EUA) quanto como behaviour (a ortografia britânica); essa última é seguida da nota “chiefly British”.

Sou terminantemente contra essa padronização forçada da nossa língua pelos seguintes motivos: 1) ela ignora as diversidades culturais que produziram ortografias variadas; 2) ela é incompleta; e 3) ela é economicamente contraproducente.

Portugal é o único país colonizador que aportou em todos os continentes e lá deixou marcas. O Brasil, sua maior colônia, ficou em grande parte por conta de jesuítas que disseminaram o português arcaido dos séculos XVI-XVII. Desde então, houve reformas no linguajar português que não nos alcançaram. Por exemplo, nós brasileiros empregamos o gerúndio para expressar uma ação contínua (ex., Estou cantando), enquanto que os portugueses contemporâneos preferem o infinitivo (ex., Estou a cantar). Além disso, a língua falada até hoje em Portugal demonstra a profunda influência dos 700 anos da ocupação moura da Península Ibérica, de modo que os portugueses pronunciam o ditongo “ei” como nós pronunciamos o ditongo “ai”, com o a soando grave. Então, “idéia” em Portugal soa como “idâia” aos ouvidos brasileiros (e o d é parecido com a pronúncia árabe, semelhante ao th em “there” em inglês). Deve ser por isso que eles não acentuam a palavra—o que faz sentido no contexto deles, mas não tem nada a ver com a gente. Os portugueses também devem pensar assim, pois muitos alegam que nós falamos “brasileiro”. De fato, em 1999, na primeira vez que fui a Portugal, não entendi quando a aeromoça da Tap me perguntou sobre minha preferência de jantar: “Pâix ou glinha?” É claro que ela tinha dito “peixe ou galinha”, mas entre o ditongo arabizado e a suavidade das vogais átonas, levou um segundo para eu entendê-la.

Um mês após ter assistido à matéria no Jornal Hoje, fui a uma conferência em Portugal. Insatisfeita com a reforma ortográfica, que eu considero absurda, prestei ainda maior atenção à grafia e à pronúncia das palavras do que de costume para uma amante das letras como eu. Já no aeroporto do Porto, vi “vôo” escrito da maneira que a reforma quer impor a nós, ou seja, sem o acento circunflexo. No decorrer da minha viagem, que me levou também a Braga, a Coimbra, a Lisboa e a Fátima, observei que vários objetos têm nomes diferentes em Portugal: “trem” é “comboio”, “ônibus” é “autobus”, “aspirador de pó” é “extintor de pó”, “farelo” é “miga”, “controle” é “controlo” e “pênalti” é “grande penalidade”. “Antônio”, nome bastante comum em Portugal devido à popularidade do santo nascido em Lisboa, escreve-se “António”. E “obsoleto” e “coeso”, que nós pronunciamos com o “e” grave, lá se pronuncia com o “e” agudo. Não é preciso ser nenhuma grande conhecedora de idiomas para se entender que a história e a cultura portuguesas deram à sua língua vocábulos diferentes dos nossos, esses oriundos da posterior mescla do português com as línguas africanas, francesa, holandesa e indígenas durante a nossa colonização. Pergunto: qual a grande vantagem de se ignorar a nossa grafia em prol de uma unificação se os nossos vocabulários e nossa maneira de pronunciá-los são deveras diferentes? Por outro lado, qual o critério para se mudarem algumas regras e não todas?

O outro problema da reforma ortográfica—e talvez o mais grave—é o ônus econômico que ela provoca. Num país com um percentual relativamente grande de analfabetos e de pobres, sera dispendioso reimprimir livros escolares que sigam as novas regras. Quanto desperdício de papel! E quanto tempo levará para as bibliotecas renovarem seus estoques? Nesse ínterim, o que acontecerá com os alunos que, sem posses para comprar livros, dependem das bibliotecas para estudarem?

Ainda durante a minha primeira viagem a Portugal, fui apresentada a um padre que alegava ser a língua portuguesa uma afronta ao latim, pois esse não tinha acentos. Retruquei que o português era filho do latim e, portanto, uma outra língua; o que achava o pároco do francês, então, cujas palavras são tão mais povoadas de acentos que as nossas (ex., déjà, dépôt)? Ele acabou concordando com a minha lógica.
A recente reforma ortográfica é sintomática da crise existencial pela qual o português do Brasil vem passando. Com o contínuo desaparecimento dos acentos (como se a reforma de 1971 não tivesse sido suficiente), nosso português vai ficando mais parecido com o espanhol e o inglês. Explico: atualmente, as pessoas já confundem várias palavras, pronunciando “liquidação”, “distinguir” e até “questão” como se tivessem trema. Sem o trema, as pronúncias se deturparão ainda mais; com o tempo, as pessoas falarão “tranqüilo” como se fosse “tranquilo”. Só que isso não é português, mas espanhol! Quanto menos acentos o português tiver, mais próximo ficará do inglês, uma língua desprovida de acentos e predominante no “mundo virtual” da internet. Brasileiros que usam computadores internacionais cada vez mais escrevem sem nossos acentos e alegam que fica “mais fácil” de se teclar. Pode até ser, mas desde quando “facilidade” é sinônimo de “qualidade”?

Em suma, um ano após a implantação da nova ortografia, continuo achando-a absolutamente desnecessária, quiçá ofensiva. E, para quem ainda não percebeu, aviso que, pelo menos aqui no meu blog, ela não terá vez.

Tuesday, April 20, 2010

BOTAFOGO F.R.: CAMPEÃO DE TUDO O QUE IMPORTA 2010 (20/04/10)
Domingo é dia de futebol e o domingo de 18/04 foi dia de decisão de campeonato no Rio. Só que eu, moradora de Nova Jérsei, EUA, não tive o privilégio ou o prazer de participar de nada de corpo presente. Porém, como sou Botafogo onde quer que eu esteja, fiz a minha parte do meu cantinho cá ao norte do Equador.

O filme Botafogo na Final do Carioca eu já tinha visto várias vezes nos últimos anos, sempre com um final detestável: o vilão Flamengo, acobertado por bandeirinhas equivocadas e juízes primos do secretário de segurança, ganhava do mocinho Botafogo que, ao reclamar, era acusado pelos seus algozes de “chororô”. Pelo menos uma vantagem de se morar fora é nessas ocasiões ficar longe da chacota dos vilões.

Teria o filme este ano um final feliz? Todo botafoguense que se preza é supersticioso, ansioso e cauteloso, mas, no fundo, também esperançoso; eu sou tudo isso ao extremo. Portanto, durante toda a semana desde que nós dispensamos o Fluminense, só usei as cores preto, branco e cinza. Nada de rosa—rosa é branco com vermelho—e vermelho, nem pensar. Meus acessórios eram brincos e anéis de prata com motivos de estrela, já que eu deixei em casa no Rio os brinquinhos com o escudo que a Mamãe, que me passou sua paixão pelo Alvinegro quando eu ainda habitava o ventre dela, me deu em comemoração ao campeonato de 1997. Fiz minha parte também ao mandar um recado pros meus amigos botafoguenses, lembrando a todos, “Estamos na Final! Vamos torcer! Vamos ter fé! Vamos rezar!”

Lembram do Pacheco, Camisa 12? Jogo do Botafogo me deixa tão louca quanto ele. Para evitar a gritaria que já me causou um calo nas cordas vocais (e também pra tentar mudar o filme, pois no ano passado ouvi o jogo inteiro), deixei o computador ligado no “Tempo Real” e fui lavar roupa, tendo já praticamente esgotado o meu vestiário alvinegro, inclusive as minhas camisas do time. Porém, a minha curiosidade me fez conferir o placar várias vezes (não! Empate no finzinho do primeiro tempo é dose. Adianta esse filme!). Quando suspeitei que o jogo estava próximo ao fim e constatei que o placar estava 2 x 1 a nosso favor, fui correndo buscar minhas roupas. Cantei o hino olhando pro escudo de uma das minhas camisas e rezei, o coração a dar saltitos.

Voltei correndo pra casa. O “Tempo Real”, encerrado, parabenizava o Glorioso. As lágrimas desceram instantaneamente. A secretária eletrônica acusava recado novo; algo me dizia que era a Mamãe. Ela gritava, feliz, que éramos campeões. Liguei pra casa e finalmente gritei, berrei, ri e chorei. Papai falou que tinha sido um jogão de bola. Mais tarde, minha irmã, que é vascaína, me disse que, no domingo, “o Botafogo jogou com o coração”. Liguei pra uma amiga no Rio, que disse que o namorado flamenguista não estava atendendo aos seus telefonemas. E nós duas rimos e gritamos o nome do Fogão. Passei o resto da noite ligada à Super Rádio Tupi—que por sinal comemorava 75 anos de existência e deu um troféu ao campeão—ouvindo a retrospectiva da campanha do Fogão e a festa em General Severiano. Assisti aos melhores momentos no site da Globo, esperando até que ela liberasse o jogo na íntegra, e ouvi o nosso hino n vezes. E, como não poderia deixar de ser, mandei um e-mail debochado para um certo flamenguista que, nos últimos anos, fez questão de me sacanear à distância com cada campeonato ganho pelo time dele.

Botafogo 2 x 1 Flamengo, gols de Herrera e Loco Abreu, ambos de pênalti, contra unzinho do Vagner Love. O “Imperador” Adriano, como todos já sabemos, perdeu um pênalti—ou será mais justo dizer que o Goleiraço Jefferson defendeu-o tão bem? De qualquer forma, o “Ataque Mercosul” sobrepujou o “Império do Amor”. “Chega de ser vice!”, como havia profetizado o capitão Leandro Guerreiro.

Finalmente assisti à final na íntegra. Papai tinha razão: foi realmente um jogão de bola. E minha irmã também estava certa: jogamos com o coração. Deve ter sido lindo ver tudo lá no Maracanã. Ninguém calou o amor daquela torcida.

Mudou o filme? Mudou sim, com um final feliz. Estou flutuando com o bi-campeonato da Taça Guanabara, a Taça Rio e em sermos campeões antecipados. A gente sabe que, no fundo, na rivalidade do Rio, o que vale mesmo é o Campeonato Carioca. E aqui em Nova Jérsei eu venho trabalhar vestida com as minhas camisas, pois, embora ninguém entenda nada, sou Botafogo em qualquer lugar do mundo.

Pra comemorar ainda mais os nossos títulos, apresento abaixo um poema que escrevi pro meu time há tantos anos, o que demonstra que a minha paixão não é de hoje:

Amo-te tanto, tanto,
que para mim é um encanto
ouvir teu nome adorado e famoso
ó grande clube glorioso!

Botafogo, dá um calor
à tua torcida fervorosa
vem com todo o teu louvor
p’ra essa temporada esplendorosa!


(Vânia Penha Lopes, Rio de Janeiro, 1977)

Brilha, Estrela Solitária!

Tuesday, April 13, 2010

Meu Primeiro Blog

Para todos os amigos que me encorajaram ao longos dos anos a publicar um blog, tenho o prazer de anunciar que ele finalmente nasceu.